domingo, 17 de maio de 2015

Há esperança para Francisco?

Raul Castro com Francisco.
Talvez o Banco Vaticano financie obras em Cuba.
A esperança é uma virtude que permeia, ou pelo menos deveria, a vida de todo (bom) cristão. Sobretudo nos últimos anos os católicos perplexos buscam o maná da esperança em cada breve notícia, em cada pequeno gesto do atual pontífice. Buscam, buscam, buscam... Eis ai uma característica da esperança que é a sua estamina infinita. "Quem espera sempre alcança", "a esperança é a última que morre!" e coisas do gênero são ditas com frequência.

Esperamos que o Papa Francisco demonstre, por gestos concretos ou palavras claras, que é diferente daquele Francisco apresentado pela mídia anti-católica. De fato, a esperança de muitos católicos, blogueiros ou não, era ser factível esta distorção entre o Francisco real e o papa virtual que agrada aos degenerados. Depois de dois anos e alguns meses de pontificado essa tese vem se mostrando cada vez mais impossível de sustentar. Vemos que há apenas um Papa Francisco e que muito provavelmente, e para o nosso desgosto, a grande angular dos meios de comunicação acabou captando a verdadeira essência do bispo de Roma com muito mais precisão.

Podemos dizer que Francisco vem construindo uma obra. Os cardeais Kasper e Braz de Aviz (a nossa eterna vergonha em Roma...) já declararam que Francisco deseja realizar mudanças severas e irreversíveis na Igreja. Só não explicaram se tais mudanças são apenas na estrutura da Cúria ou na doutrina. Talvez, e aqui especulo, a primeira seja pré-condição para a segunda.

Essas mudanças irreversíveis tem o seu ápice no Sínodo para a Família. É nesta reunião de bispos que a batalha é deflagrada e onde podemos ver o autêntico modus operandi do Papa Francisco. Foi justamente a primeira parte da reunião que tirou dos católicos ingênuos a vontade, ou melhor, a possibilidade de defender Bergoglio.

Ontem pude ler no blog Rorate Caeli que o frade dominicano Timothy Radcliffe foi apontado pelo Papa Francisco como consultor do Conselho de Justiça e Paz. Frei Radcliffe, segundo aponta o blog, é considerado algo além de um religioso liberal... um Über-liberal! Segundo RC

O antigo Mestre Geral da Ordem Dominicana [1992-2001] é um apoiador proeminente da proposta Kasperiana da comunhão aos "divorciados recasados". Ele também se coloca pela ordenação de mulheres, se não ao sacerdócio, pelo menos ao diaconato. Contudo ele é mais famoso por suas intervenções públicas frequentes sobre a aceitação da homossexualidade, tendo sido um celebrante frequente das infames "missas Gay" no Soho de Londres.

Será que Francisco não conhecia o currículo do agora consultor? Difícil imaginar já que o Papa elevou ao cardinalato o arcebispo de Westminster, Vincent Nichols, o único cardeal franciscano anglófono até o momento, e considera do seu círculo pessoal o arcebispo anterior, o igualmente liberal Murphy Cormac O'Connor.

Recentemente, ainda, o Papa teve um agradável encontro o ninguém menos que Raul Castro, dono da ilha prisão de Cuba. A mídia alardeou com inquestionável precisão que o Papa argentino teve influência vital na reaproximação dos EUA com Cuba. Os blogueiros mais ingênuos já se puseram em pé a aplaudir o Papa, afirmando, entre outras asneiras, que o fim do embargo - que ainda não se deu! - favorecerá o florescimento da democracia em Cuba e o fim do comunismo na ilha. O jornalista Reinaldo Azevedo coloca de forma bem mais sóbria e realista:

Que se note: até agora, não há o menor sinal de distensão política em Cuba. Esse namorico com Barack Obama e com o papa Francisco, por enquanto, não tem sua correspondência em distensão política interna. É tolice, está evidenciado, acreditar que o progresso, por si, põe fim a ditaduras. Eu mesmo já cheguei a flertar com essa ideia quando era bem mais moço. A China, por exemplo, prova  o contrário de maneira muito eloquente.O projeto dos Irmãos Assassinos e do Partido Comunista Cubano é romper o relativo isolamento sem pôr um fim à ditadura. Raúl, se preciso, pode até se ajoelhar e rezar por isso. Se depender de Obama e de Francisco, ele chega lá…Que tempos e que homens os destes tempos!
O socialismo do século XXI parece ser a nova saída para Cuba, apresentando-se como uma democracia bolivariana. E ao receber líderes de movimentos ditos sociais em Roma, até com a presença infame do terrorista João Pedro Stédile, Francisco parece flertar descaradamente com o filo-bolivarianismo, com ditaduras mitigadas, mas ditaduras ainda assim. Não podemos nos esquecer também que foi Francisco quem revogou a suspensão do sandinista Miguel d´Escoto que, como todos sabem, não retrocedeu um milimetro nas suas posições terroristas.

A esquerda está em êxtase! Recentemente Gustavo Gutierrez foi recebido outra vez com pompa e circunstância no Vaticano, dessa vez na Assembleia da Cáritas. O processo de beatificação de Helder Câmara começou... É uma festa sem hora pra acabar!

Na outra ponta, contudo, temos bispos conservadores sendo perseguidos, depostos e humilhados sem nenhuma chance de defesa, sem um único encontro com o Papa cuja agenda está ocupada por audiências com terroristas, comunistas e ateus.

E assim vamos caminhando, mesmo sem saber o caminho. As certezas de antes são as dúvidas de agora. O grande enigma que se apresenta na forma de Francisco, na verdade, é bem simples - não há mistério algum! O pontificado de Francisco, a semelhança com o governo Dilma, consegue a proeza de se tornar pior com o passar do tempo.

Há ainda espaço para esperança? Sim, sem dúvida! Porque a esperança para o católico não é imediatista, é acima de tudo direcionada à vida eterna. Não esperamos em homens, mas colocamos nossa esperança em Deus. Há, portanto, espaço para a esperança, sempre.

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