sábado, 16 de novembro de 2013

"Você é o melhor intérprete do Vaticano II" escreve Papa Francisco a Bispo Ratzingeriano



(InfoCatólica | Tradução Blogonicus*) - A carta escrita pelo papa Francisco ao Arcebispo Agostino Marchetto, por ocasião da publicação de um livro sobre o primado papal, causou uma comoção em setores da igreja da Itália, porque consiste em apoiar a tese do prelado italiano, conhecido como um dos maiores expoentes da teoria da hermenêutica da continuidade do Concílio Vaticano II, em oposição àqueles que o interpretam em chave de novidade e ruptura. O Papa assegurou ao bispo que ele é considerado como o melhor intérprete do Concílio e ainda garante que o arcebispo corrigiu erros ou imprecisões suas [de Francisco], pelo que lhe agradeceu.

O texto completo da carta do Papa ao Arcebispo Marchetto Francisco (traduzido para o espanhol por InfoCatólica da versão dada na imprensa da Itália) [e traduzido para o português por este blog, NdT]:

Caro ao Arcebispo Marchetto,
Com estas linhas eu quero mostrar a minha proximidade e participar da apresentação do livro“Primato pontificio ed episcopato. Dal primo millennio al Concilio ecumenico Vaticano II”. Eu imploro que você me sinta espiritualmente presente.
O tema do livro é uma homenagem ao amor que você tem à Igreja, um amor fiel e ao mesmo tempo poético. Lealdade e poesia não podem ser negociados: não são comprados ou vendidos, são simplesmente as virtudes enraizadas em um coração de filho que sente a Igreja como mãe, ou para ser mais preciso, e dizê-lo com "ar" da família inaciana, como "a Santa Mãe Igreja Hierárquica".
Este amor você manifesta de muitos modos, inclusive corrigindo um erro ou imprecisão da minha parte - e por isso lhe agradeço de coração -, mas sobretudo manifesta com toda a sua pureza nos estudos realizados sobre o Concílio Vaticano II. 
Uma vez lhe disse, querido Mons. Marchetto, e hoje desejo repetir, que o considero o melhor intérprete do Concílio Vaticano II. Sei que é um dom de Deus, mas também sei que você o fez frutificar.
Estou agradecido por todo o bem que nos faz com seu testemunho de amor à Igreja e peço ao Senhor que o recompense abundantemente.
E peço por favor para que não se esqueça de rezar por mim. Que Jesus o abençoe e a Virgem Santa o proteja.


***
O Arcebispo Marchetto foi secretário do Pontifício Conselho para os Migrantes e Itinerantes até atingir os 70 anos, quando pediu ao então Papa Bento XVI seu afastamento para se dedicar exclusivamente ao estudo da hermenêutica do Concílio Vaticano II.

É conhecido na Itália por seu um ferrenho "ratzingeriano", defendendo a hermenêutica da continuidade. Desde 2005 o arcebispo vem escrevendo sobre o Concílio. É claro que nenhum desses livros foi traduzido para o português!

Por isso mesmo a carta de Francisco - totalmente pessoal e inesperada - está sendo vista com espanto pela imprensa italiana, como um elo que o conecta ao coração do pontificado de Bento XVI, algo que acreditava-se estar morto desde março deste ano.

Penso que um sinal amarelo começou a piscar entre os maiores admiradores de Francisco até o momento - os liberais e os "mass media".

Não é segredo para ninguém que a esmagadora parcela de católicos tradicionais e até mesmo uma parte significativa dos católicos conservadores vem encontrando dificuldades em Francisco. Sobretudo nos meses de julho, setembro e outubro, quando o Papa se empenho pelo caminho desastroso das "entrevistas".

Como escreveu o blogueiro espanhol Francisco José Fernández de la Cigoña, "El Papa, como todos sus antecesores, está aprendiendo a ser Papa. Y parece que con celeridad y aprovechamiento. Bendito sea Dios".


*Li primeiro no blog La cigüeña de la torre

2 comentários:

Unknown disse...

Não entendo porque o vaticano ainda não concedeu às mulheres o direito de ordenação,pois, desde que entendo por cristã são elas que fazem as coisas acontecerem nas celebrações, os padres em grande maioria, só chegam para realizarem as celebrações.Com raras exceções os padres executam tarefas que são do universo feminino. Fico revoltada ao ver que eles ainda tem a visão arcaica de que as mulheres devem ficar com a parte "inferior das tarefas".
Não vejo nenhuma razão a não ser estratégia política da santa sé, para a não ordenação de mulheres.
Acho que Jesus não nos discriminaria.
Se a própria Igreja nos submete à condição de ser inferior em relação aos homens, como combater a violência contra nós? Espero respostas!
Uma Cristã Católica esperando respostas que nunca se calam - Belo Horizonte MG - Brasil

Paulo disse...

Pelo que sei, a Igreja nunca discriminou as mulheres, ao contrario das outras religiões que a escravizam, como os muçulmanos; Jesus a nivelou ao homem, ao qual estabeleceu regras de como se comportarem com elas.
Doutro lado, a Igreja diz, e não consta na tradiçãoe na biblia que nunca Jesus convidou uma mulher como sua discípula, mas junto aos homens tomar parte, nem por isso sendo discriminação, pois Deus, Jesus é superior a eventuais leis, pode fazer o que quiser e está certo sempre.
Ou não me é lícito fazer o que quiser do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom? Mt 20:15.
Essa eventual revolta sua contra os planos de Deus não se justifica de forma alguma; temos de nos submeter a Ele com humildade!!

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