quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Francisco: Considero preocupante o risco de ideologização do Vetus Ordo

Da entrevista que o Papa Francisco concedeu ao padre jesuíta Antonio Spadaro e publicada em mais de 20 revistas da Companhia ao redor do mundo.

A parte que toca no rito antigo reproduzo abaixo, com tradução da Revista portuguesa "Brotéria", destaques meus:

«O que é que realizou o Concílio Vaticano II? Que é que foi?», pergunto-lhe à luz das suas afirmações precedentes, imaginando uma resposta longa e articulada. Tenho, pelo contrário, como que a impressão de que o Papa simplesmente considera o Concílio como um facto de tal modo indiscutível que para sublinhar a sua importância não vale a pena falar disso demasiado tempo.
«O Vaticano II foi uma releitura do Evangelho à luz da cultura contemporânea. Produziu um movimento de renovação que vem simplesmente do próprio Evangelho. Os frutos são enormes. Basta recordar a liturgia. O trabalho da reforma litúrgica foi um serviço ao povo como releitura do Evangelho a partir de uma situação histórica concreta. Sim, existem linhas de hermenêutica de continuidade e de descontinuidade. Todavia, uma coisa é clara: a dinâmica de leitura do Evangelho no hoje, que é própria do Concílio, é absolutamente irreversível. Depois existem questões particulares, como a liturgia segundo o Vetus Ordo . Penso que a escolha do Papa Bento XVI foi prudente, ligada à ajuda a algumas pessoas que têm esta sensibilidade particular. Considero, no entanto, preocupante o risco de ideologização do Vetus Ordo, a sua instrumentalização.

Em primeiro lugar creio que qualquer referência ao rito antigo será suprimida da tradução brasileira, publicada pelos jesuítas tupiniquins.

De qualquer forma é importante destacar que o Papa faz a referência ao rito precedente dentro de um contexto de Vaticano II.

Pergunto: o Vetus Ordo pode ser instrumentalizado? Respondo: é claro que sim!
Sabemos - e não são poucos os fatos que ilustram isso - que o Vetus Ordo serve, em alguns casos, como um instrumento de resistência ao Vaticano II ou mesmo de críticas absurdas à validade dos sacramentos e sucessão apostólica no pós-concílio.

Entretanto é pertinente fazermos uma outra pergunta. Seria o Novus Ordo, por sua vez, imune à ideologização e instrumentalização? Esse "serviço ao povo como releitura do Evangelho" que está condensado nos livros litúrgicos modernos são perfeitos, respondem ao desejo do homem de encontrar-se com Deus, ou ainda, favorecem esse mesmo desejo?

Para ilustrar, embora acredite que não seja necessário, coloco algumas fotos:







A grande preocupação da igreja moderna é com a terrível mentalidade tradicionalista, que visa "retroceder os ponteiros do relógio", alienando a brilhante caminha do pós-concílio que trouxe, além dos frutos enormes, uma grande primavera.

Deduzimos que outras intervenções, como a realizada contra os Franciscanos da Imaculada, acontecerão em breve e com anuência do Papa. Afinal de contas o que Francisco entende por ideologia ou instrumentalização?

Estamos diante de um Sucessor de Pedro legítimo, mas míope pelo otimismo pós-conciliar exatamente como fora Paulo VI e, até certo ponto, João Paulo II.

Corremos o risco de instrumentalizar o Vetus Ordo. Que bom que é apenas um risco, pois o Novus Ordo já foi instrumentalizado desde a sua concepção.

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